Thursday, February 19, 2015

TBT, "Fantasy 20-Bit Digipack Series"








"Fantasy 20-Bit Digipack Series" coordinated & produced by Arnaldo DeSouteiro, originally released in November 2002. 

Press Release, intro

A BMG orgulhosamente apresenta os 20 títulos escolhidos para esta primeira serie de lançamentos em “digipack” da Fantasy Records, uma empresa de peculiar história no mundo do jazz.

Sim, melhor chamar a Fantasy Records de empresa do que de selo ou gravadora. Porque se trata, indiscutivelmente, do maior conglomerado de jazz na indústria fonográfica mundial!

Afinal, o que começou como um pequeno selo independente, fundado na cidade californiana de San Francisco, em 1949, pelos irmãos Max & Sol Weiss, transformou-se numa potência em 1968, quando um grupo de investidores – liderado por Saul Zaentz – comprou a gravadora que já tinha firmado seu prestígio graças ao sucesso de artistas como Dave Brubeck, Gerry Mulligan e Cal Tjader.

Sob o comando de Saul Zaentz, este sucesso e este prestígio se multiplicaram. Caso raro de amante do jazz dotado de imensa habilidade como administrador, além do faro para apostar pesado em novos talentos, Zaentz desde então passou a comprar vários selos de jazz, como Milestone, Riverside, Prestige, Galaxy, Debut, New Jazz, Contemporary e Good Time Jazz.

Formou, assim, um império nunca dantes visto no mercado jazzístico. E que viria ainda a incorporar, de forma inusitada, o selo Pablo, em 1987. Quando decidiu se aposentar, o próprio dono da Pablo (o produtor Norman Granz) procurou a Fantasy para propor a venda de sua empresa. Porque sabia que, sob os cuidados de Zaentz (chairman da Fantasy Incorporation) e de Ralph Kaffel, Presidente da Fantasy Records, seu precioso acervo estaria em muito boas mãos.

Vale comentar que, ao longo dos anos, a Fantasy também investiu com sucesso em outras áreas, adquirindo selos famosos de black music (Specialty, Stax), blues (Takoma) e folk (Kicking Mule), além de lançar o Creedence Clearwater Revival, um dos grupos de maior sucesso na história do rock! Sem falar da consagração de Saul Zaentz como produtor cinematográfico, responsável por filmes campeões de bilheteria e de premiações como “Um Estranho no Ninho” (vencedor de 5 Oscars), “Amadeus” (8 Oscars!), “A Insustentável Leveza do Ser” e “O Paciente Inglês” (outro Oscar-winner), cujas trilhas sonoras obviamente pertencem ao catálogo da Fantasy.

Por fim, torna-se importante esclarecer a grande diferença entre a Fantasy e selos como Verve e Blue Note, que também fizeram história no jazz. Há muito tempo, porém, ambos deixaram de ser companhias independentes, desde que a Verve foi vendida à MGM nos anos 60 e a Blue Note foi comprada pela Liberty nos anos 70. Passaram de mão em mão, e hoje a Verve funciona apenas como um selo dentro da Universal, assim como a Blue Note existe como uma marca da EMI. Ou seja: atualmente, a Fantasy Records é a única grande companhia independente de jazz em atividade nos Estados Unidos, e o maior catálogo de jazz no mundo!
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Fantasy 20-Bit Digipack Series (texto para dept. de vendas)

Antes de falar resumidamente sobre os 20 títulos escolhidos para esta primeira serie de lançamentos da Fantasy em Digipack, gostaria de fazer uma rápida explanação sobre a importância desta empresa.

Sim, melhor chamar a Fantasy Records de empresa do que de selo ou gravadora. Porque se trata, indiscutivelmente, do maior conglomerado de jazz na indústria fonográfica mundial!

Afinal, o que começou como um pequeno selo independente, fundado na cidade californiana de San Francisco, em 1949, pelos irmãos Max & Sol Weiss, transformou-se numa potência em 1968, quando um grupo de investidores – liderado por Saul Zaentz – comprou a gravadora que já tinha firmado seu prestígio graças ao sucesso de artistas como Dave Brubeck, Gerry Mulligan e Cal Tjader.

Sob o comando de Saul Zaentz, este sucesso e este prestígio se multiplicaram. Caso raro de amante do jazz dotado de imensa habilidade como administrador, além do faro para apostar pesado em novos talentos, Zaentz desde então passou a comprar vários selos de jazz, como Milestone, Riverside, Prestige, Galaxy, Debut, New Jazz, Contemporary e Good Time Jazz.

Formou, assim, um império nunca dantes visto no mercado jazzístico. E que viria ainda a incorporar, de forma inusitada, o selo Pablo, em 1987. Quando decidiu se aposentar, o próprio dono da Pablo (o produtor Norman Granz) procurou a Fantasy para propor a venda de sua empresa. Porque sabia que, sob os cuidados de Zaentz (chairman da Fantasy Incorporation) e de Ralph Kaffel, Presidente da Fantasy Records, seu precioso acervo estaria em muito boas mãos.

Vale comentar que, ao longo dos anos, a Fantasy também investiu com sucesso em outras áreas, adquirindo selos famosos de black music (Specialty, Stax), blues (Takoma) e folk (Kicking Mule), além de lançar o Creedence Clearwater Revival, um dos grupos de maior sucesso na história do rock! Sem falar da consagração de Saul Zaentz como produtor cinematográfico, responsável por filmes campeões de bilheteria e de premiações como “Um Estranho no Ninho” (vencedor de 5 Oscars), “Amadeus” (8 Oscars!), “A Insustentável Leveza do Ser” e “O Paciente Inglês” (outro Oscar-winner), cujas trilhas sonoras obviamente pertencem ao catálogo da Fantasy.

Por fim, torna-se importante esclarecer a grande diferença entre a Fantasy e selos como Verve e Blue Note, que também fizeram história no jazz. Há muito tempo, porém, ambos deixaram de ser companhias independentes, desde que a Verve foi vendida à MGM nos anos 60 e a Blue Note foi comprada pela Liberty nos anos 70. Passaram de mão em mão, e hoje a Verve funciona apenas como um selo dentro da Universal, assim como a Blue Note existe como uma marca da EMI. Ou seja: atualmente, a Fantasy Records é a única grande companhia independente de jazz em atividade nos Estados Unidos, e o maior catálogo de jazz no mundo!

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O primeiro suplemento da série Fantasy 20-Bit Digipack – formado por obras-primas do catálogo da Fantasy Records – chega agora ao Brasil, via BMG, destacando alguns dos mais importantes artistas da história do jazz. Todos os CDs foram remasterizados com tecnologia digital de 20bits - o que permite uma resolução sonora muito superior aos CDs convencionais de 16bits, com maior ganho de “graves, médios e agudos” como diria Tim Maia – e estão sendo lançados em luxuosa embalagem no formato “digipack”, o predileto dos consumidores de jazz na Europa e no Japão. Todos eles (à exceção do lendário encontro de Tony Bennett & Bill Evans) editados pela primeira vez em CD no mercado brasileiro. Hoje, dez discos chegam às lojas. Na próxima semana, mais dez!
“Cannonball Adderley Quintet in San Francisco” marcou a estréia do conjunto de Cannonball (“Bola de canhão”, apelidado dado a Julian Adderley por seu porte físico), após a associação do saxofonista com Miles Davis. Representou também a consagração imediata de seu quinteto como o mais endiabrado grupo do chamado “funky jazz” (jazz funkeado) tão em moda no final dos anos 50. Para agravar a situação, este disco foi gravado ao vivo, em 1959, num clube de jazz de San Francisco, levando a platéia ao delírio com inflamadas performances de “This here”, “Spontaneous combustion” (o título diz tudo!) e “Hi-Fly” (obra-prima do mestre Randy Weston). O clássico “Straight, no chaser”, clássico de Thelonious Monk foi incorporado à esta reedição como bonus track.
Artista que transcendeu o mercado jazzístico para se tornar um astro pop de imensa popularidade, Chet Baker ficou conhecido como “o James Dean do jazz” em referência ao estilo rebelde e ao consumo de drogas. Virou “padrão de beleza” nos anos 50, por quem as mulheres suspiravam de tesão. Despertou fúria nos críticos conservadores porque, além de branco, ultrapassou até mesmo Miles Davis em matéria de fama e vendagens de disco. “It could happen to you”, gravado em 58, mostra outros motivos para tanto sucesso: além de exímio trompetista, Chet cantava maravilhosamente bem um repertório romântico (“The more I see you”, “Old devil moon”, “I’m old fashioned”, “Everything happens to me”) que viria a influenciar grandes nomes da bossa nova, como João Gilberto. Uma das faixas extras, “You make me feel so young”, tema frequente no repertório de Sinatra, recebe uma leitura singular. Mais “cool”, impossível.
A carreira de Chet teve altos e baixos, sempre por causa das drogas (era viciado em heroína) que o acabaram matando em 1988. Até hoje não se sabe se caiu ou foi jogado de um quarto de hotel em Amsterdam... Acidente? Suicídio? Assassinato? Certa vez, durante um show, foi nocauteado por um traficante. O soco afundou o trompete em sua boca, quebrando vários dentes. Foram anos até ele conseguir voltar a tocar! Mas, em 1973, surpreendeu a todos que o consideravam acabado, retornando à ativa por insistência do produtor Creed Taylor (da CTI Records) e gravando excelentes discos. Entre eles, este “Once upon a summertime” de 1977 para o selo Galaxy, exclusivamente instrumental, com participações do contrabaixista Ron Carter e do batera Mel Lewis. Sensacional álbum no estilo “hard-bop”, traz standards (“The song is you”), a linda faixa-título de Michel Legrand (composta em 1954 sob o nome “La valse des lilas”), e até mesmo um tema do ex-rival Miles Davis (“ESP”).

Muito antes de virar capa da revista “Time” por conta do mega-hit “Take five”, de autoria de seu saxofonista Paul Desmond, Dave Brubeck – que inaugurou o selo Fantasy em 1949 – já desfrutava de enorme popularidade. Principalmente no circuito universitário americano, conquistando uma fiel legião de fãs. Captado durante em 1953, “Jazz at Oberlin” é considerado o mais representativo da fase inicial desta lenda viva do jazz, cativando pelas originalíssimas concepções de Brubeck (eleito “melhor pianista” daquele ano pela Down Beat) e de Desmond, cuja inconfundível sonoridade aveludada de seu sax-alto foi por ele mesmo definida como um “dry Martini”. Os solos de ambos em “These foolish things” são aplaudidos no meio pela platéia em êxtase.
Outro “clássico” do catálogo da Fantasy, “Lush life” traz um dos maiores tenoristas de todos os tempos em sessões gravadas entre maio de 1957 e janeiro de 1958. Naquela época, paralelamente à sua carreira-solo, John Coltrane integrava o grupo de Miles Davis. Ao lado de nomes como Donald Byrd (trompete) e Red Garland (piano), John passeia por um repertório de standards, extravasando seu lirismo em temas suntuosos como “I love you”, “I hear a rhapsody” (uma das músicas favoritas de Bill Evans), “Like someone in love” e a faixa-título, obra-prima de Billy Strayhorn. Algo bem diferente da fase pós-“Giant steps” (mais “agressiva”), e milhas distante do controvertido experimentalismo de seus últimos discos.
Apesar de pouco badalado, “Blue Moods” é um dos discos mais singulares, sedutores e, por que não?, sensuais na carreira do trompetista Miles Davis. De atmosfera romântica sofisticadíssima, mas sem derrapar para a melosidade, inclui apenas quatro lindas baladas – “Nature boy”, “There’s no you”, “Alone together” e “Easy living” – em sublimes performances. Gravado em um único dia (9 de julho de 1955), conta com instrumentação inusitada: trompete, trombone (Britt Woodman), vibrafone (Teddy Charles fazendo o papel que caberia ao piano), contrabaixo (o “monstro” Charles Mingus, então dono do selo Debut) e bateria (o igualmente “fera” Elvin Jones).

Uma outra faceta do iconoclasta Miles transparece em “Bag’s groove”, feito em 1954 para o selo Prestige. Trata-se de uma verdadeira sessão de all-stars, com as presenças de astros como Sonny Rollins, Horace Silver, Kenny Clarke, Percy Heath, e o vibrafonista Milt Jackson, autor da faixa-título que se tornaria um “standard” jazzístico. Aliás, a música – cujo título refere-se ao apelido de Milt, “Bags” – aparece em dois takes cintilantes, ambos com Thelonious Monk ao piano. Rollins, além de aprontar solos bárbaros, contribui como autor de “Airegin”, “Oleo” e “Doxy”, clássicos do hard-bop.
Absurdamente nunca lançado no Brasil, nem mesmo em vinil, “Portrait in Jazz” (1959) ocupa lugar de destaque na discografia de Bill Evans. Primeiro, pelo simples fato de ser um dos melhores álbuns gravados por um dos cinco maiores pianistas da história do jazz. Em segundo lugar, por registrar seu primeiro encontro com o fenomenal baixista Scott LaFaro, prematuramente falecido em 1961 aos 25 anos, vitimado por um acidente de carro. A interação atinge nível telepático em faixas tipo “Autumn leaves”, “Spring is here”, Peri’s scope” e “Blue in green”. Na bateria, Paul Motian dá uma aula de sutileza, impecável nas vassourinhas.
Durante sua carreira, Evans acompanhou pouquíssimos cantores. Entre tais felizardos estava Tony Bennett, o predileto de Evans (e também de Frank Sinatra!), o único a quem o pianista concedeu o privilégio de gravar dois álbuns em duo de piano & voz. “The Tony Bennett/Bill Evans álbum” foi o primeiro, fruto de três dias de gravação “ao vivo” (sem overdubs) no estúdio da Fantasy, em junho de 1975. O repertório, dominado por baladas, abriga emocionantes releituras de “Some other time”, “My foolish heart” e “Waltz for Debby”, a mais famosa composição de Evans, com letra adicionada por Gene Lees. Para comemorar o resultado, Tony & Bill se apresentaram no Newport Jazz Festival (atual JVC), recebendo uma das maiores ovações da história do festival. Vale lembrar que Tony atravessa uma fase de renovada popularidade, desde o entrondoso sucesso de seu “MTV Unplugged”.
“Alone together” traz Jim Hall & Ron Carter captados no Playboy Club, de New York, em 1972. Guitarrista de fraseado minimalista e sonoridade singular, por usar o mínimo de amplificação necessária, Jim Hall já atingiu há muito a condição de “mito” no meio jazzístico. Ron Carter também não fica atrás em matéria de prestígio, ainda mantendo-se na “crista da onda” até hoje, após mais de 40 anos de carreira. Aliás, sempre foi o baixista predileto dos artistas brasileiros, gravando com Jobim, Deodato, Airto, Flora, Hermeto, Bonfá, Dom Um, Astrud, Ithamara Koorax, Milton Nascimento e Gal Costa. Neste duo em clima intimista, passeiam por temas de Ron (“Receipt, please”), Duke Ellington (“Prelude to a kiss”), Sonny Rollins (“St. Thomas”) e standards como “Softly as in a morning sunrise” e “Autumn leaves”. Leve este show para a sua casa!

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